O ex-marido da juíza Viviane Vieira do Amaral Arronenzi, 45 anos, que foi preso em flagrante por feminicídio após matá-la a facadas na noite desta quinta-feira (24), véspera de Natal, não quis falar na delegacia e disse que só vai se manifestar em juízo, segundo informações da polícia.
O engenheiro Paulo José Arronenzi não tentou fugir depois do crime e permaneceu próximo ao corpo da ex-mulher até a chegada da polícia.
Ele recebeu voz de prisão e foi levado à Divisão de Homicídios, também na Barra da TIjuca. Nesta sexta-feira (25) ele foi transferido para um presídio.
Crime
O crime ocorreu na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. A juíza do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJ-RJ) foi esfaqueada na Avenida Rachel de Queiroz, na frente das três filhas do casal.
O assassinato foi registrado em um vídeo que circulou em redes sociais e foi analisado pelos policiais. Na gravação, as crianças pedem ao pai que parem de golpear a juíza.
Para a polícia, o engenheiro premeditou o crime. No carro dele foram encontradas três facas, mas a que foi usada para matar a mulher, no entanto, não foi encontrada.
Em setembro, Viviane havia feito um registro de lesão corporal e ameaça contra o ex-marido, que foi enquadrado na Lei Maria da Penha.
Ela chegou a ter escolta policial concedida pelo TJ-RJ, mas pediu para retirá-la posteriormente.
A juíza não foi a única mulher a denunciar o engenheiro para a polícia.
Em 2007, uma ex-namorada dele registrou ocorrência policial porque estaria sendo importunada por ele, que não aceitava o fim do relacionamento.
Entidades jurídicas
Em nota, o TJ-RJ disse que “lamenta profundamente” a morte da juíza Viviane Arronenzi, vítima de feminicídio.
Já a Associação dos Magistrados do Estado do Rio de Janeiro (AMAERJ) e a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) emitiram nota conjunta em que expressam “extremo pesar” pelo que classificaram como “covarde assassinato da juíza”. As entidades afirmaram que o crime não ficará impune.
“As entidades representativas do magistrados fluminenses e brasileiros se solidarizam com os parentes e amigos da pranteada magistrada. Este crime bárbaro não ficará impune, asseguramos”, enfatiza a nota.
No mesmo comunicado, o presidente da AMAERJ, Felipe Gonçalves informou que, ainda na noite de quinta-feira, conversou com o secretário de Polícia Civil do Estado do Rio, delegado Alan Turnowski, e com o delegado Pedro Casaes, que esteve no local do crime.
“Posso afiançar: esse crime não ficará impune. O feminicídio tem o repúdio veemente da sociedade brasileira. O Brasil precisa avançar. O que ocorreu nesta quinta-feira na Barra da Tijuca é absolutamente inaceitável”, reiterou Gonçalves.
Já a presidente da AMB, Renata Gil, destacou sua “indignação e repulsa” diante do assassinato da magistrada.
“O feminicídio é o retrato de uma sociedade marcada ainda pela violência de gênero. Precisamos combater este mal”, enfatizou Renata Gil.
O Ministério Público do Rio de Janeiro também manifestou pesar pela morte da juíza e repúdio ao feminicídio. O órgão enfatizou que irá acompanhar as investigações a respeito do crime por meio da Promotoria de Justiça.
Matéria do G1 RJ
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