O IBGE divulgou nesta sexta-feira (28/08) os resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD-C) referentes ao segundo trimestre de 2020. Cabe ressaltar que essa é a pesquisa permanente, e em caráter contínuo, do IBGE sobre mercado de trabalho. Por conta da pandemia do novo coronavírus, o IBGE colocou em campo uma versão especial, e provisória, da PNAD para avaliar com mais celeridade os efeitos da pandemia no mercado de trabalho e nos serviços de saúde, a PNAD COVID19. As duas pesquisas seguem estruturas conceituais bastante parecidas, mas a PNAD-C trabalha com períodos de referência trimestrais e com uma amostra que se renova em 20% a cada trimestre (cada domicílio selecionado permanece na amostra da pesquisa por cinco trimestres consecutivos). Já a PNAD COVID19 tem período de referência (para unidades da federação) mensal e, inicialmente, a mesma amostra que foi utilizada na PNAD-C do primeiro trimestre de 2019.
Confira os principais resultados do 2º trimestre de 2020 da PNAD-C abaixo
A taxa de desocupação (19,8%), ou desemprego, teve um salto de 4,3 pontos percentuais (p.p.) no segundo trimestre de 2020 na comparação com o primeiro trimestre de 2020, e um salto de 4,5 p.p. em relação ao segundo trimestre de 2019. Estatisticamente, as duas variações são estatisticamente significativas. Essa é a segunda maior taxa de desocupação entre as 27 unidades da federação, logo atrás da Bahia, que registrou 19,9%. A menor taxa de desemprego do Brasil foi registrada em Santa Catarina (6,9%). O Brasil encerrou o trimestre com uma taxa de 13,3%.
O nível da ocupação (42,6%), que é o percentual de pessoas ocupadas (796 mil) no total da população com 14 anos ou mais de idade (1,867 milhão), caiu ao nível mais baixo desde o início da PNAD-C, reduzindo 6,6 p.p. em relação ao primeiro trimestre de 2020 e 7,6 p.p. em relação ao segundo trimestre de 2019. O mesmo aconteceu com a taxa de participação na força de trabalho (53,1%), que representa o percentual de ocupados (796 mil) e desocupados (196 mil) no total da população com 14 anos ou mais de idade (1,867 milhão), uma redução de 5,2 p.p. em relação ao primeiro trimestre de 2020 e de 6,2 p.p. em relação ao segundo trimestre de 2019.
A força de trabalho no segundo trimestre de 2020 contabilizava 992 mil pessoas, 80 mil pessoas a menos do que no primeiro trimestre de 2020 e 98 mil pessoas a menos do que no segundo trimestre de 2019. Considerando apenas as pessoas ocupadas, os contingentes são ainda maiores. No segundo trimestre de 2020, eram 796 mil pessoas nessa condição, 110 mil a menos do que no trimestre imediatamente anterior e 127 mil a menos do que no segundo trimestre de 2019.
Indicador/Período Abr-Mai-Jun 2020 – Jan-Fev-Mar 2020 – Abr-Mai-Jun 2019
Taxa de desocupação 19,80% 15,50% 15,30%
Taxa de subutilização 45,10% 35,90% 39,30%
Rendimento real habitual R$ 1.824,00 R$ 1.715,00 R$ 1.657,00
Variação do rendimento habitual em relação a: 6,3% (estabilidade) 10,0% (estabilidade)
Já a população desocupada ou sem emprego (196 mil pessoas), embora numericamente tenha aumentado em cerca de 30 mil pessoas em relação aos trimestres utilizados para comparação, não apresentou variação estatisticamente significativa, o que sugere que a maioria das pessoas que perderam ocupação no período não iniciou busca por emprego entre abril e junho de 2020, passando a compor a população fora da força de trabalho. Esse contingente de pessoas fora da força de trabalho apresentou variações expressivas no segundo trimestre de 2020, alcançando 875 mil pessoas, 109 mil pessoas a mais do que em relação ao primeiro trimestre de 2020 e 127 mil pessoas a mais do que em relação ao segundo trimestre de 2019. Conceitualmente, as pessoas fora da força de trabalho nem estavam trabalhando nem haviam tomado providência para conseguir um trabalho.
Considerando as posições na ocupação, o setor e a categoria do emprego no trabalho principal, na comparação com o primeiro trimestre de 2020, observaram-se flutuações estatisticamente significativas no setor privado. As pessoas empregadas eram 514 mil no segundo trimestre de 2020, 74 mil a menos do que no primeiro trimestre do ano. Dessas 514 mil pessoas, 329 mil estavam no setor privado, 72 mil a menos do que no primeiro trimestre de 2020. A maior parte das perdas vieram dos empregos no setor privado sem carteira de trabalho assinada, que passaram a 119 mil (39 mil a menos do que no trimestre imediatamente anterior).
Mas houve perdas também no emprego com carteira de trabalho assinada, condição de 210 mil pessoas no segundo trimestre (33 mil a menos do que no primeiro trimestre). Da mesma maneira, houve perda estatisticamente significa no grupo de trabalhadores domésticos com carteira, que eram 12 mil no primeiro trimestre e passaram a 8 mil no segundo. Além disso, no grupo de trabalhadores por conta própria sem CNPJ, também houve diminuição de 29 mil pessoas entre um trimestre e outro, resultando no contingente atual de 196 mil pessoas. Entre trabalhadores familiares auxiliares, o número de pessoas ocupadas teve redução de 7 mil, passando de 24 mil no primeiro trimestre para 17 mil no segundo trimestre do ano.
Já na comparação com o segundo trimestre de 2019, registraram-se variações estatisticamente significativas na categoria de empregados, com redução de 63 mil pessoas. Desses 63 mil, 52 mil eram do setor privado (excluindo os trabalhadores domésticos). No agregado de empregados no setor privador e no subconjunto de empregados no setor privado sem carteira de trabalho assinada, as variações também foram estatisticamente significativas. No caso dos empregados sem carteira, a redução foi de 31 mil pessoas entre o segundo trimestre de 2020 e o mesmo trimestre de 2019. Igualmente, houve oscilação estatisticamente significativa para trabalhadores domésticos com carteira assinada, que eram 5 mil a menos do que no segundo trimestre de 2019.
Na categoria empregadores, houve aumento estatisticamente significativo para os que tinham CNPJ (10 mil a mais no período de um ano) e uma redução estatisticamente significativa para os que não tinham CNPJ (6 mil a menos). O número de trabalhadores por conta própria diminuiu em 56 mil pessoas e os trabalhadores por conta própria sem CNPJ diminuíram 65 mil. Por último, os trabalhadores familiares auxiliares eram 13 mil a menos no segundo trimestre de 2020 em relação ao mesmo trimestre de 2019
Considerando os grupamentos de atividade do trabalho principal, na comparação com o primeiro trimestre de 2020, observaram-se perdas na agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura, com 19 mil pessoas a menos, na indústria geral, com 25 mil pessoas a menos, na construção, com 11 mil pessoas a menos e no comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas, com menos 24 mil pessoas. Na comparação com o mesmo trimestre de 2019, as perdas se repetem na agricultura, com 20 mil pessoas a menos, na indústria, com 26 mil de redução, e na construção, com diminuição de 17 mil pessoas ocupadas. Além desses grupamentos, houve perdas em transporte, armazenagem e correio, com 13 mil pessoas menos, em alojamento e alimentação, com 20 mil pessoas a menos, e no grupo genérico de outros serviços, com 14 mil pessoas a menos.
Efeitos da pandemia de Covid-19 na coleta
Devido à pandemia de Covid-19, as pesquisas por amostragem domiciliar do IBGE passaram a apresentar percentuais de não-resposta (entrevista não realizada) mais elevados do que usualmente é esperado.,mEmbora não haja, até o momento, prejuízos à qualidade dos indicadores-chave da PNAD Contínua, no âmbito da divulgação trimestral, são necessárias melhorias metodológicas. Sendo assim, foram suprimidos alguns domínios de divulgação, sem prejuízo para a qualidade da informação. “Para esta divulgação, os indicadores foram desagregados somente até as unidades da federação e retiramos as desagregações sociodemográficas, como sexo e cor ou raça, assim como dados de rendimento por categoria de ocupação e atividades”, esclarece a coordenadora de Trabalho e Rendimento, Maria Lúcia Vieira
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