Herdado da cultura indígena e com forte influência africana, o samba de coco pulsa vivo entre os povos e comunidades tradicionais do Estado de Sergipe. Caracterizado pela dança em roda e pelo uso de instrumentos de percussão como o tambor, a caceteira e a onça, o samba de coco traz para o centro da música e da dança as mestras da cultura popular e o poder da oralidade de manter acesa a chama da memória.
Gravado com recursos do Programa de Educação Ambiental com Comunidades Costeiras (PEAC), o CD “Samba de Coco da Ilha” será lançado no sábado, 16, e procura resgatar e valorizar os saberes tradicionais da comunidade da Ilha Grande através dos cânticos entoados pelos ancestrais sobre o amor, o alimento que se produz, o trabalho que se realiza em comunidade e o modo de vida que teima em resistir na defesa de seu território. “A gente brincava de samba de coco desde criança. Nossos pais, nossos avós tocavam e a gente fazia rodas. De uns tempos pra cá, essa tradição vinha acabando, mas com o CD voltamos a dançar. Tem sido bom demais voltar a viver o samba da gente”, relembrou a mestra Madá, que também é pescadora e artesã.
Ilha Grande
Para além da música, o resgate dos saberes tradicionais da Ilha Grande através do CD “Samba de Coco da Ilha” já se reflete no fortalecimento comunitário local. Conhecida pelas belas paisagens e pelo seu povo acolhedor, a Ilha Grande frequentemente recebe visitantes encantados com a possibilidade de forte conexão com a natureza. Com o lançamento do CD, a expectativa é de que o turismo aumente ainda mais.
No entanto, em alerta pela defesa do território, a comunidade local pratica o que se chama de Turismo de Base Comunitária (TBC), um modelo de turismo que se destaca por ser gerido pelos próprios moradores de um local visando a convivência harmônica com o meio ambiente e a ampliaçãoda renda local. No TBC, os turistas se hospedam e se alimentam nas casas dos moradores, tendo a oportunidade de conhecer melhor a cultura, ao invés de financiar grandes redes e empreendimentos que causam impactos ambientais os territórios.
Nascida na Ilha, Rosângela Reis é museóloga e atualmente é uma das responsáveis pela condução de roteiros turísticos no local, com base nos princípios do TBC. “Aqui na ilha, cuidamos muito bem da vida em comunidade, então as pessoas que nos visitam acabam compreendendo que a nossa dinâmica é diferente de quem mora na zona urbana. Cuidamos do alimento porque plantamos, cuidamos do rio porque nele pescamos. Temos cuidado com a produção de lixo, pois não há coleta na ilha, tentamos reaproveitar tudo. Aqui é uma comunidade de pescadores e pescadoras, somos felizes com nosso modo de vida e o luxo que oferecemos é a nossa cultura”, explica Rosângela Reis.
PEAC
O Programa de Educação Ambiental com Comunidades Costeiras (PEAC) é um programa de educação ambiental desenvolvido pela Universidade Federal de Sergipe (UFS) por exigência do licenciamento ambiental federal para exploração de petróleo e gás offshore na bacia Sergipe/Alagoas e abrange 95 comunidades de toda a costa sergipana e de Conde e Jandaíra, na Bahia, espacializadas em 12 municípios.
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Fonte: UFS/Equipe de Educomunicação PEAC