A Polícia Civil do Estado de Sergipe, por meio do Complexo de Operações Policiais Especiais (Cope), realizou na manhã desta quarta-feira, 23, uma entrevista coletiva na sede da Academia de Polícia Civil (Acadepol), para dar detalhes sobre a Operação Rubicão, deflagrada na última sexta-feira, dia 19, para cumprir dez mandados de prisão relacionados ao crime que vitimou o comandante da Companhia Independente de Operações Policiais em Área de Caatinga (Ciopac), capitão Manoel Alves de Oliveira Santos, 42 anos, no dia 04 de abril de 2018. Na oportunidade, o governador Belivaldo Chagas assinou o decreto para a nomeação de 15 agentes de Polícia Civil.
Além de contar com a presença do governador do Estado, Belivaldo Chagas, participaram da coletiva o secretário da Segurança Pública de Sergipe, delegado João Eloy de Menezes; o secretário de Justiça de Sergipe, Cristiano Barreto; a delegada-geral da Polícia Civil, Katarina Feitoza; o diretor do Centro de Operações Policiais Especiais (COPE), delegado Dernival Eloi; o comandante da Polícia Militar, coronel Marcone Cabral; e os peritos do Instituto de Criminalística Fabrício Rodrigues e Hérico Santos.
Perícia
A coletiva foi iniciada com a apresentação dos trabalhos dos peritos do Instituto de Criminalística na análise do material colhido na cena do crime, a exemplo dos estojos das munições deflagradas contra o oficial da PM, como também da perícia do veículo.
“Através dos materias que foram coletados, foi possível reconstituir a dinâmica da ação criminosa até o momento em que o carro foi incendiado. As análises foram embasadas nas medições feitas no local, coletas de cápsulas e projéteis, e nos exames papiloscópicos realizados nos veículos e no corpo da vítima. Os materiais recolhidos foram coletados e encaminhados ao IC para a realização dos procedimentos investigativos. A partir de exames descritivos nos projéteis e da nanocomparação balística, feita pela Criminalística, foram identificados ao menos três tipos de armas utilizadas na ação criminosa – calibres 12, 18 e ponto 40”, explicou o perito Hérico Santos.
A perícia também identificou a distância da qual teve início a ação criminosa – cerca de 43 metros do veículo da vítima – e também direções de onde partiram os disparos. “Os carros queimado e o do capitão Oliveira foram periciados e tiveram seus sinais identificadores analisados”, salientou o perito Fabrício Rodrigues.
Logo em seguida, foi a vez do secretário da SSP, João Eloy de Menezes, iniciar a fala agradecendo a presença de Belivaldo Chagas, principalmente pelo apoio que o governador deu, para se chegar a elucidação do crime. Logo em seguida, ele falou sobre o crime brutal cometido contra o capitão e como as forças de segurança pública reagiram para desvendar o crime. “Foi um crime bárbaro, que chocou toda a sociedade pela forma covarde como o capitão Oliveira foi assassinado, onde esses cinco, seis indivíduos encurralaram o oficial que estava saindo do seu trabalho e teve sua vida ceifada, mas graças ao trabalho desempenhado por todos que participaram da operação, conseguimos êxito na captura dos envolvidos”, destacou.
O secretário João Eloy finalizou seu discurso deixando um recado para os criminosos: “enquanto eu estiver na Secretaria, enquanto eu for delegado de polícia, quem ousar afrontar os profissionais que atuam na Segurança Pública, tenha a certeza que a polícia não vai descansar até fazer a prisão dos criminosos. Iremos até o fim para efetuar a prisão desses indivíduos. Eles podem correr para onde forem, mas a população tenha a certeza de que a polícia atrás de forma incessante”.
Em seguida, foi a vez da delegada-geral, Katarina feitoza, enaltecer o trabalho em conjunto e também explicar o andamento da investigação, inclusive, relatando os envolvidos no crime que vieram a óbito em confronto com a polícia, sendo os primeiros os irmãos Osmar de Lima Nunes, vulgo “Nenê filho do finado Lima”, 23 anos; e Lucas de Lima Nunes, 22 anos, fato ocorrido no último dia 09, no município de Poço Redondo. “Os irmãos eram acusados de dar suporte a quatro homens que executaram o capitão Manoel Oliveira. Na época, os investigadores decidiram não confirmar as informações por conta do avanço dos trabalhos no inquérito policial. Lucas e Osmar são acusados também de darem suporte logístico depois da execução do oficial da PM, incendiando o veículo modelo Corolla a fim de despistar a polícia e facilitar a fuga dos executores”, ressaltou.
Presente na coletiva, o diretor do Cope, delegado Dernival Eloi, continuou explicando sobre a deflagração da Operação Rubicão, ocorrida em Sergipe e municípios do sertão baiano, além da participação dos envolvidos e motivação do crime. “No dia 18, deflagramos a operação Rubicão, quando José Cláudio Teles Ferreira, conhecido como “Cláudio de Tonho de Hercílio”, 31 anos; e Aldair Santos Hora, 20 anos, naturais de Pedro Alexandre/BA morreram em confronto em Poço Redondo. No mesmo dia, em Aracaju, reagiram à ação policial Edu dos Santos Oliveira, 28 anos; e Antônio Braz dos Santos Neto, 46 anos, ex-policial militar expulso da corporação no ano de 2003 e acusado de envolvimento no assassinato do então deputado estadual Joaldo Barbosa”, destacou.
No estado vizinho, toda ação foi realizada simultaneamente no dia 18 de maio, onde na oportunidade o líder da organização criminosa, identificado como Jackson dos Santos, 29 anos, natural da cidade de Pedro Alexandre/BA, foi morto na cidade de Barreiras/BA. O pai dele, identificado como José da Silva, vulgo “Zé de Mané Doidão”, também foi morto em confronto com a Polícia.
“Nas cidades de Cristópolis e Paulo Afonso, respectivamente, reagiram à ação da polícia Ernane da Mota Pereira, vulgo “Alemão”, 29 anos, residente de Cristópolis/BA e Renan Oliveira Santos, vulgo “Cavalo do Cão”, 26 anos, natural de Pedro Alexandre/BA”, disse Dernival Eloi.
Presos
O diretor do Cope também falou sobre a prisão de três suspeitos durante a operação, identificados como Izaiane Maiara Menezes Neto, 32 anos, esposa de Jackson; o empresário Marcones Silva Lima, 33 anos, acusado dar suporte para fuga de Jackson e o pai, “Zé de Mané Doidão”; outro suspeito preso durante as investigações foi Jasson Souza de Jesus, vulgo “Vaqueiro de João Alves”, 23 anos.
“Em depoimento, Marcones afirmou que após o crime, Jackson e o pai fugiram para a região oeste da Bahia assustados com a repercussão da ação criminosa. Ainda segundo o depoimento, Marcones detalha que “Zé de Mané Doidão”, cujo histórico de pistolagem é longo na região de Pedro Alexandre, estaria preocupado com as proporções que o crime cometido pelo filho poderia tomar, afirmando que foi “uma besteira um milhão de vezes maior do que eu já fiz a vida inteira””, frisou.
Motivação
As investigações esclarecem que a motivação para o crime ocorreu devido ao trabalho de repressão que vinha sendo realizado pelo Capitão Oliveira, que no ano de 2017, durante ações da Caatinga, alvejou dois homens acusados de crime de pistolagem. Dentre esses suspeitos está o homem identificado como Wilson, ex-companheiro de Izaiane Maiara presa durante a operação.
Nomeação de 15 novos agentes da Polícia Civil
No final da coletiva, o governador de Sergipe, Belivaldo Chagas, falou sobre a importância do trabalho realizado pelas força da segurança pública na elucidação do crime e destacou o comprometimento do atual governo no intuito de resgatar a sensação de segurança da população sergipana. Para isso, o governador a opotunidade para assinar o decreto para a nomeação de 15 novos agentes da Polícia Civil, que reforçarão os trabalhos tanto na área de inteligência e alguns departamentos da capital sergipana.
“Vamos fazer o esforço possível e que a gente dê melhores condições de trabalho, não apenas com pessoal, mas com equipamentos que estão sendo adquiridos, para oferecer à população uma melhor segurança. Inclusive, estamos encaminhando agora para o Governo Federal, um projeto para aquisição de armamentos, equipamentos de proteção, mais viaturas, equipamentos da área de inteligencia, para que a gente possa fazer um trabalho mais forte com o objetivo de deixar a população cada vez mais tranquila, no que diz respeito à Secretaria de Segurança Pública de Sergipe”, finalizou.
Operação Rubicão
A Operação Rubicão contou com a participação de equipes da Polícia Civil, entre elas, agentes e delegados do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), como também da Divisão de Inteligência (Dipol) e da Coordenadoria de Polícia Civil do Interior (Copci). Em relação ao efetivo da Polícia Militar, participaram dos trabalhos integrantes da Companhia Independente de Operações Policiais em Área de Caatinga (Ciopac), Comando de Operações Especiais (COE) e 11º Batalhão de Polícia Militar (11º BPM).
Também participaram Companhia Independente de Policiamento Especializado – Cerrado (Cipe/Cerrado) e a Companhia Independente de Policiamento Especializado – Caatinga (Cipe/Caatinga), unidades da Polícia Militar da Bahia.
Por que Rubicão?
O nome da operação faz referência a um rio italiano que não poderia ser atravessado pelas tropas romanas por conta de uma lei, mas, ao ser afrontado, Júlio César decide fazê-lo e sua ação culmina numa guerra civil. A expressão “atravessar o Rubicão” significa a tomada de uma decisão perigosa, pensar grande, ou ainda, ultrapassar fronteiras, defrontando-se com um caminho duvidoso e potencialmente perigoso.
Por SSP/SE