“Meu sonho é que meu filho cresça forte e caminhe. Quero que ele se desenvolva para poder falar e se comunicar com as outras crianças. Tenho fé que meu filho vai evoluir”. O depoimento emocionado é da mãe Itamara Santana Santos. O filho dela, João Mateus Santos Andrade, nasceu com paralisia cerebral. Ele tem cinco anos de idade, estuda na Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Papa João Paulo II, mantida pela Prefeitura Municipal de Aracaju, através da Secretaria Municipal da Educação (Semed).
A descoberta do comprometimento neurológico ocorreu quando João tinha cinco meses de vida. Quando completou quatro anos de idade, os pais perceberam que ele precisava conviver com outras crianças e decidiram matriculá-lo em uma instituição de ensino. Foi justamente na Emef Papa João Paulo II, localizada no bairro Santa Maria, onde a família encontrou uma aliada: Loide Silva Aragão. Foi dela a ideia de confeccionar um macacão para auxiliar o garoto no desenvolvimento das atividades.
A professora Loide trabalha com vários recursos na instituição de ensino há pelo menos dez anos, entre eles táteis e visuais. Ela demonstra com o olhar e gestos amor pelo que faz. “Eu tenho compromisso com a criança que precisa. Eu dou o meu melhor, faço com excelência. Aprendi com o mestre Jesus que a gente precisa amar o próximo como se fosse a nós mesmos. O caso de João é o mais severo que encontrei em minha trajetória profissional, mas eu não desisti. Busquei parcerias para fazer por ele o que gostaria que fizessem com um filho meu”, contou a professora.
Parcerias
Foram meses de estudo e pesquisa. A professora não estava sozinha, ela contou com a ajuda da costureira Maria Margarida e da fisioterapeuta Daisy Santos. As duas não hesitaram, logo demonstraram interesse para ajudar o garoto João Mateus. “Eu já costurei muita roupa, mas fazer o macacão foi especial. Foi Deus quem mandou esse presente para mim. Passamos meses estudando, tirando medidas até que o macacão ficasse pronto. A ideia era fazer algo funcional e que ele se sentisse bem”, disse contente a costureira Maria Margarida Vieira da Silva que atua na área há mais de 30 anos.
Segundo a fisioterapeuta Daisy Santos, o macacão vai ajudar a criança a ver o mundo de um outro ângulo. “O macacão facilita a locomoção dele, a interação com a professora e os alunos. Ajuda muito no desenvolvimento motor, inibindo assim padrões patológicos. O macacão possibilita outras aquisições motoras que o mesmo não realiza. Esse recurso ajuda a prevenir contraturas e deformidades, mas é bom deixar claro que ele foi feito especificamente para o João”, explicou a fisioterapeuta que trabalha com pacientes neurológicos na Clínica de Reabilitação Infantil de Aracaju (Creia).
Inclusão
Atualmente, quase 600 crianças em inclusão estão matriculadas na Rede Municipal de Ensino de Aracaju. Segundo a coordenadora da Educação Especial da Semed, Thaisa Aragão, as que têm indicação são atendidas em Salas de Recursos Multifuncionais. Essas salas oferecem um atendimento complementar à sala de aula regular, com o objetivo de eliminar possíveis barreiras relacionadas à inclusão.
“Cada criança impõe uma nova descoberta, um novo desafio. No caso de João, tivemos assessoria de outros técnicos para entender com base nas características e condição, o que seria benéfico para ele. Esse é o exemplo bem sucedido e preferivelmente replicável para outras crianças na mesma condição de paralisia cerebral. Esse é um exemplo modelo a ser reproduzido em outras situações”, destacou.
Para a mãe de João, esse é um presente que ela jamais vai esquecer. “Nossa felicidade é imensa. Nem sei como agradecer a todos. A professora é um anjo que Deus colocou em nossas vidas. Ela pagou todos os custos e ainda deu o macacão. A gente vai poder levar para casa e isso vai nos ajudar muito. A costureira e a fisioterapeuta também se dedicaram bastante. Nós fomos guiados para matricular o João aqui nessa escola, onde ele foi acolhido tão bem”, colocou.
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Por AAN