Cada uma das sessões de hemodiálise realizada em ambulatório clínico para pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) custa R$ 200. Multiplique por cinco este valor e tem-se o custo gerado por cada um dos pacientes renais que estão de alta médica, mas continuam internados no Hospital de Urgência de Sergipe (Huse), devido à crise prolongada no serviço ambulatorial. Atualmente, 27 pacientes renais crônicos seguem internados, aguardando por uma vaga em clínicas conveniadas de Itabaiana e Aracaju.
O déficit de vagas para hemodiálise nas clínicas conveniadas é antigo. Só que, nos últimos seis meses, quando a clínica que presta este tipo de serviço no município de Itabaiana foi interditada, a crise se agravou e refletiu imediatamente no Hospital de Urgência de Sergipe, que passou a absorveu os pacientes desassistidos. Já em relação à clínica que presta o mesmo serviço em Aracaju, entrou em crise nos últimos três, também em consequência do fechamento da unidade em Itabaiana.
De acordo com informações do diretor Operacional da Fundação Hospitalar de Saúde (FHS), Marcos Chou, a crise dos últimos seis meses no serviço ambulatorial de hemodiálise custou ao governo do Estado, até agora, R$ 1.200 mil. “O tratamento ambulatorial de um paciente renal crônico custa R$ 200 por sessão. Cada paciente que faz hemodiálise hospitalar ele custa aos cofres do Estado cinco vezes mais do que aquele que faz a hemodiálise ambulatorial”, disse o diretor.
Segundo ele, as empresas prestadoras cobram um valor no serviço ambulatorial e outro, bem superior, para a hemodiálise hospitalar. “Temos tido um volume muito alto de pacientes que já estão de alta hospitalar, porém necessitando ainda permanecer no hospital e em uso do serviço de hemodiálise“, explicou Chou, informando que há 15 dias a clínica de Itabaiana reabriu, mas ofertou apenas três vagas para pacientes do Huse, enquanto a unidade de Aracaju, nesse mesmo período, ofereceu 18 vagas.
Chou salientou que o custo financeiro não é apenas com a sessão da hemodiálise, mas envolve também alimentação, medicação extra e toda estrutura humana e física da unidade hospitalar.
Custo social
Marcos Chou destacou outra implicação da crise na hemodiálise ambulatorial: o custo social. “Cada renal crônico que está de alta, mas permanece internado, está ocupando um leito que poderia estar sendo utilizado com outro paciente. Esse fator também contribui para a superlotação do Hospital de Urgência de Sergipe”, considerou.
Custo emocional
O prolongamento da crise na hemodiálise ambulatorial gera ainda um custo emocional para pacientes que continuam internados no Huse. Alguns estão ali há quatro meses, outros há dois meses, enfim, tempo demais para estar longe do lar. Com a vida travada enquanto permanecem internados, o que todos querem mesmo é voltar para casa e para sua rotina.
A paciente Joana Santana, de 72 anos, expressa seu lamento. “Estou muito triste e precisando voltar para casa e ninguém nos informa nada. Aqui no hospital a gente tá sendo tratado, mas, temos nossas casas, nossas famílias, filhos e precisamos tocar a nossa vida em casa, por isso eu clamo por uma vaga nas clínicas conveniadas, para que eu continue o meu tratamento em casa”, relatou.
Providências
O governo do Estado e a própria gestão da Rede Estadual de Saúde está solidária com o sofrimento dos pacientes. “Este é um ponto que muito tem nos preocupado e nos levado a buscar junto à organizações, municípios, Poder Judiciário e Ministério Público de Sergipe uma solução que devolva a vida e a dignidade desses pacientes”, garantiu Chou.
A Secretaria também quer o ressarcimento dos recursos gastos com os renais de alta hospitalar, ainda internados. “A secretaria está entrando com ações na Justiça com vistas ao ressarcimento do prejuízo causado ao erário público por causa do alto volume financeiro que foi dispensado devido a uma desorganização do restante do serviço que é de responsabilidade dos municípios e, claro, tentando rever essas vagas no Huse para que a gente possas usar com outros pacientes”, concluiu o diretor Operacional da FHS.
Por ASN