Oito pessoas baleadas durante a chacina que deixou 14 mortos no Bairro Cajazeiras, em Fortaleza, seguem internadas, conforme o último boletim divulgado na noite de sábado (27) pelo Instituto Dr. José Frota (IJF). Sete vítimas estão internadas na unidade e uma outra pessoa segue hospitalizada em estado grave no Hospital Distrital Edmilson Barros de Oliveira, o Frotinha Messejana.
Entre os feridos, está um garoto de 12 anos, que é filho de um vendedor de cachorro-quente morto na chacina.
Oito mulheres e seis homens foram assassinados por um grupo que invadiu a danceteria “Forró do Gago” por volta de 1h30 (horário de Brasília).
Segundo um policial militar que conversou com o G1 e moradores do bairro, membros de uma facção criminosa dispararam contra a danceteria “Forró do Gago” por volta de 1h30 (horário de Brasília). Vários homens armados chegaram em três carros, invadiram o local e dispararam tiros, conforme os relatos.
O secretário, no entanto, disse que as investigações ainda estão acontecendo e preferiu não atribuir o crime a uma disputa entre facções. Segundo ele, a chacina foi “um caso pontual” e o “estado não perdeu o controle [do combate ao crime]”.
Além do fuzil, a polícia também apreendeu uma bomba de gás lacrimogêneo que estava no interior do clube onde ocorreu a chacina. O artefato explosivo foi desarmado e recolhido por uma equipe da Polícia Militar. A polícia não informou a quem pertencia a bomba.
Costa disse que a secretaria está trabalhando para identificar todas as vítimas, investigar a motivação do crime e fazendo buscas por suspeitos.
Entre os 14 mortos, há oito vítimas do sexo feminino e seis do sexo masculino. Um motorista do aplicativo Uber e um vendedor de cachorro-quente estão entre os mortos. Um menino de 12 anos ficou ferido. Os nomes não foram divulgados.
Outras dez pessoas ficaram feridas e foram hospitalizadas, duas em estado grave. Sete continuam internadas no Instituto Dr. José Frota (IJF) e outro no hospital Frotinha de Messejana.
Os internados no hospital Instituto José Frota (IJF) são:
Um homem de 24 anos;
Uma mulher de 23 anos;
Uma jovem de 19 anos;
Duas adolescentes de 17 anos;
Duas adolescentes de 16 anos;
Um adolescente de 16 anos;
Um garoto de 12 anos
A procuradora de Justiça, Vanja Fontenele Pontes, coordenadora do Ministério Público do Ceará, comentou que o órgão também iniciou as investigações para tentar identificar os suspeitos. “Lamentamos muito essa situação, mas nós estamos trabalhando. Eu espero [que essa violência] pare por aqui”, afirmou.
Governador se pronuncia
O governador Camilo Santana se pronunciou oficialmente sobre o caso por meio de seu perfil no facebook. Camilo definiu a chacina como um “ato selvagem e inaceitável”. O governador informou ainda que se reuniu com o secretário André Costa e com membros da cúpula da SSPDS.
“Determinei rigor absoluto nas investigações e busca incessante dos criminosos, para que todos os envolvidos sejam identificados e presos o mais rápido possível. Não aceitaremos de forma alguma que esse tipo barbárie fique impune”, escreveu o governador.
Marcas de violência
O G1 esteve no local do crime horas após a chacina. Os moradores relataram que “têm medo de sair de casa até pra comprar pão”. Eles contaram que um motorista que tinha acabado de deixar um passageiro e um vendedor de cachorro-quente morreram no tiroteio. O filho do ambulante, de 12 anos, é um dos feridos.
Um outro morador, que preferiu não se identificar, disse que os suspeitos estavam armados com pistolas e fuzis, usando coletes e balaclavas. Ele contou que o tiroteio durou cerca de 40 minutos.
Um comerciante disse que estava indo vender bebidas no local, quando começou o tiroteio. “Eles apareceram atirando. Matando quem aparecesse pela frente. Eu entrei em casa e os vi atirando no motorista do Uber. O passageiro correu e os criminosos atiraram nela, mas ela, graças a Deus, escapou”, disse o homem.
Há marcas de bala nas paredes das casas, no local da festa e nos veículos que estavam estacionados na via. Apesar da chuva, a calçada da casa de forró ainda estava coberta de sangue na manhã deste sábado.
O secretário André Costa afirmou que a polícia está “engajada” no caso e “não há motivo para pânico e temor”. Ele negou que há risco de represálias entre as facções. “A polícia está engajada no caso e vamos dar a resposta que a sociedade merece”, disse.
“São eventos isolados, que ocorrem no mundo todo, casos com 50 mortes, 60 mortes. São ações planejadas, que em alguns casos, com o trabalho da Inteligência da polícia, nós conseguimos evitar e não são noticiados. Nesse caso, infelizmente, nós não conseguimos evitar.”
Em dezembro de 2017, ano em que o Ceará teve um recorde no número de homicídios, o governador do Ceará, Camilo Santana, havia dito que 82% dos homicídios ocorrem em consequência do conflito entre facções que disputam territórios de tráfico de drogas.
Relato de sobrevivente
“Está muito horrível, muito horrível mesmo, muita gente baleada no chão”, disse um sobrevivente, em mensagem compartilhada em rede social. A PM confirmou que se trata da declaração de uma testemunha que pediu para não ter o nome divulgado.
Algumas testemunhas falam em dezenas de pessoas chegando e atirando, sem dar chance de defesa; outras falam que eram um grupo de 15 bandidos, em três carros, fortemente armados, segundo a Polícia Militar.
Informações do G1 CE