Desde as primeiras gestões do prefeito Edvaldo Nogueira (PC do B), de 2006 a 2012, os aracajuanos ouvem falar de novos modelos de sistema de transporte público. A cidade já teve projetos de BRT, BRS e até de VLT (proposto por Valadares Filho durante as eleições). No entanto, nove anos se passaram e nada mudou.
Nas gestões anteriores, Edvaldo propunha o BRS, mas o projeto só foi aprovado pela Caixa Econômica Federal ao final do mandato e não teve tempo de sair do papel. Em 2013, seu sucessor João Alves Filho (DEM) apresentou o projeto do Bus Rapid Transit (BRT), desenvolvido pelo escritório do arquiteto curitibano, Jaime Lerner. João ainda conseguiu pintar as famosas faixas azuis, que delimitam os espaços exclusivos para os ônibus do transporte público na capital desde novembro de 2016.
Agora em seu terceiro mandato, Edvaldo pretende retomar com o projeto do Bus Rapid System (BRS) para solucionar os problemas relativos ao transporte público coletivo na cidade. Porque, segundo ele, Aracaju não possui a estrutura física necessária para a implantação do BRT.
Aos usuários do transporte público resta esperar que algum candidato proponha e execute um projeto que realmente melhore o serviço. Enquanto isso, o Portal SE Notícias pesquisou e conversou com técnicos da Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT) para entender a diferença entre os dois sistemas já propostos.
O BRT
O Bus Rapid Transit é basicamente um sistema criado para dar prioridade ao transporte público no trânsito de uma cidade, separando os fluxos e utilizando tecnologia. O projeto é composto por corredores exclusivos, terminais, estações elevadas, sinalização semafórica inteligente, Central Integrada de Operações e veículos com GPS.
Conforme explicou o ex-diretor de Planejamento e Sistemas da SMTT, Francisco Navarro, os corredores exclusivos seriam, em alguns trechos, separados do fluxo normal por estrutura física. O projeto desenvolvido para Aracaju na gestão do ex-prefeito João Alves previa a criação de 10 corredores exclusivos pela cidade.
Os terminais atuais seriam totalmente reformados para se encaixar no sistema BRT e outro seria construído na rotatória do Conjunto Orlando Dantas. A estrutura seria adaptada para permitir o desembarque pelos dois lados dos ônibus, que seriam semelhantes aos da linha 009 – Marcos Freire/Atalaia. O projeto existente na SMTT também previa a instalação de painéis com os horários e a previsão de chegada de cada linha.
João pretendia construir 53 estações de BRT na cidade, semelhantes aos atuais pontos de ônibus.
À época do desenvolvimento do projeto de BRT, Navarro explicou que todas as linhas de ônibus precisariam ser redesenhadas para atender ao novo sistema. Seriam criadas linhas alimentadoras – ônibus comuns que levariam o cidadão dos bairros até os terminais de BRT, e este as levaria de forma rápida até o destino final, com bilhete único.
Seria necessário também um alto investimento em tecnologia, já que todos os ônibus precisariam de GPS que permitissem um monitoramento a partir de uma Central Integrada de Operações. A sinalização semafórica da cidade também precisaria ser totalmente substituída por equipamentos inteligentes, que obedeceriam aos comandos da Central Integrada para dar prioridade aos ônibus e evitar retenções no trânsito.
Além disso, o projeto do BRT de Aracaju previa a utilização de aplicativo parecido com o atual CittaMobi, onde os usuários teriam acesso às informações referentes ao trajeto, horários e previsão de chegada do ônibus na estação ou terminal.
O BRS
O projeto do Bus Rapid System (BRS) também pretende separar o fluxo dos ônibus do transporte público dos veículos comuns, mas os corredores são apenas sinalizados, sem separação com estrutura física.
O projeto desenvolvido para Aracaju pretende construir quatro corredores de ônibus na cidade: Beira Mar, Jardins, Rio de Janeiro e Hermes Fontes, totalizando 38,1km. Esses corredores funcionam da mesma forma que as faixas azuis: são exclusivas para o transporte público, mas podem ser compartilhadas com veículos comuns em situações de conversão ou em horários de menor fluxo (que são previamente estabelecidos pela SMTT).
Assim como o BRT, o projeto também contempla a substituição dos semáforos atuais por equipamentos inteligentes, GPS nos ônibus, painéis nos terminais e aplicativos com informações úteis para o usuário. A grande diferença entre os dois modelos é a estrutura física necessária.
De acordo com a SMTT, “este projeto já havia sido conveniado com o Ministério das Cidades no final da última gestão de Edvaldo Nogueira à frente da Prefeitura de Aracaju (2012). Foi alterado na gestão passada e inviabilizado, pois o custo cresceu muito. Neste ano, por determinação do prefeito, a equipe readequou o projeto e o mesmo já está pronto no Ministério das Cidades aguardando aprovação e liberação de recursos para ser executado”, informou a assessoria.
O BRS já foi implantado com sucesso no Rio de Janeiro, onde a Prefeitura afirma ter reduzido o tempo das viagens em 40%, e em Recife. A SMTT também informou que os estudos realizados pela equipe técnica concluíram que o BRS é a solução mais adequada para o sistema de transporte de Aracaju pelos próximos dez anos.
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Da redação do SE Notícias