Desde 2004, foi implementado em Aracaju o Programa Nacional de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Vigiágua), gerido pelo Ministério da Saúde, e que tem como intuito acompanhar como está a qualidade da água fornecida. Direcionado pela Secretaria Municipal da Saúde (SMS), através da Vigilância Sanitária, as inspeções acontecem diariamente em vários pontos da capital.
O trabalho começa ainda bem cedo. Antes das 8h, a equipe designada, composta por um técnico em Saúde e um biólogo, acompanha um cronograma que, mensalmente, é constituído por 53 pontos a serem visitados por toda a cidade. O foco principal da ação são locais em que há muito aglomeração de pessoas, como hospitais e escolas.
A coordenadora da Vigilância Sanitária de Aracaju, Graça Barros, explicou que todo o trabalho é feito de forma conjunta. A inspeção é realizada pela SMS, através da Vigilância Sanitária, o material é analisado por um laboratório de referência, o Laboratório Central de Saúde Pública de Sergipe (Lacen), e a Companhia de Saneamento de Sergipe (Deso), que faz o tratamento e a distribuição da água, também atua de forma a manter os padrões estabelecidos.
Seguindo os parâmetros do Ministério da Saúde, por meio de uma portaria, são analisados, por exemplo, a quantidade de cloro adequada para a água de consumo humano e se o PH está apropriado. “Recolhemos algumas amostras no local inspecionado e lá mesmo realizamos alguns testes, como o para evidenciar a presença ou não de cloro, já que o cloro é volátil e não pode esperar chegar até o laboratório. Essas amostras são enviadas para o Lacen onde são feitas outras análises da parte físico-química e da parte microbiológica – onde podem ser detectadas bactérias, por exemplo”, contou Graça Barros.
Além das análises feitas pelo Lacen, a Vigilância Sanitária de Aracaju ainda conta com um relatório feito pela Deso. Por meio dele, é listada uma série de itens essências para a qualidade da água fornecida. “Esse relatório da Deso é mais amplo e relaciona os itens desde a captação até a liberação da água. Acompanhamos esses relatórios com muito cuidado e, quando não existe alguma conformidade ou análise fora do padrão, nós informamos à companhia e procuramos saber as razões e, claro, fazemos as recomendações”, afirmou a coordenadora da Vigilância Sanitária.
Graça Barros destacou que a cor amarelada da água já foi ponto de questionamento. “A Deso explicou que isso acontece porque a tubulação é muito antiga. Mas, não encontramos nada que possa causar algum problema de saúde, como o surto gastrointestinal que vinha sendo relatado recentemente”, ressaltou.
Inspeção
Previamente, os pontos inspecionados são definidos e, obrigatoriamente, locais como clínicas que realizam hemodiálise são vistoriados, além de hospitais e escolas. Somente em um turno do dia são visitados cerca de cinco locais.
Um dos pontos que recebeu a equipe da Vigilância Sanitária foi a Escola Municipal de Ensino Infantil (Emei) Ana Luiz Mesquita Rocha, localizada no bairro José Conrado de Araújo. Por lá, a equipe recolheu quatro amostras de água: uma para verificar o cloro, outra para o PH, e as demais que foram encaminhadas para o Lacen, onde serão feitas análises mais aprofundadas.
Para Neuma Cardoso, secretária da unidade que atende a 250 crianças, essa visita é de extrema importância porque a escola depende da água para muitos serviços essenciais, como a alimentação dos alunos. “Todo esse cuidado com a água é importante porque, direta e indiretamente, está cuidando da saúde das crianças da nossa escola”, afirmou.
No bairro São Carlos, a Emei Dom Avelar Brandão Vilela também recebeu as equipes da Vigilância Sanitária. “Aqui nós atendemos 512 crianças. É uma escola grande e temos que ter todo o cuidado com a água que é fornecida para esses alunos. Um dos cuidados que temos é com a limpeza da caixa d’água que fazemos regularmente”, frisou a diretora da unidade, Karine Melo.
“Mesmo que a Deso tenha que seguir os parâmetros de qualidade definidos pelo Ministério da Saúde, um cuidado que, não só hospitais e escolas devem ter, mais qualquer cidadão, é a limpeza da caixa d’água, que deve ser feita de seis em seis meses. Isso também vai garantir que a água que sai das torneiras esteja adequada para o consumo”, explicou o biólogo Geraldo Santana.
Ao avaliar a qualidade de uma unidade ou instituição, a Vigilância Sanitária obtém uma média da água fornecida em toda a região, já que faz parte da mesma rede. Por isso, a inspeção não é realizada em todas as residências.
Análise laboratorial
Devidamente armazenada, assim que chega ao Lacen, outra inspeção é feita, começando pela aparência da água e, novamente, a análise do cloro e do PH. O gerente do laboratório, Luiz Oliveira, explicou que outras análises, como a presença de coliformes fecais e outras bactérias ou microorganismos prejudiciais à saúde humana, são feitas em 24h. “O resultado final dessas análises sai entre cinco e dez dias, isso porque temos que avaliar uma série de itens que o próprio Ministério da Saúde determina. Então, é uma avaliação muito criteriosa”, destacou.
Quando o relatório chega à sede da Vigilância Sanitária, caso seja verificada alguma irregularidade, é dado um prazo para que o problema seja resolvido. Se, neste prazo, a situação não se regularizar, um processo administrativo pode ser aberto para apurar.
Mesmo que a Vigilância esteja atenta, a população pode contribuir para cuidar da água que chega até ela. Em caso de denúncia, a Ouvidoria da Saúde está à disposição através do telefone 156.
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Agência Aracaju de Notícias