“Cê vai se arrepender de levantar a mão pra mim”. O trecho da canção de Elza Soares é a representação clássica e histórica da resistência da mulher à violência doméstica e seu processo de empoderamento. E essa palavra, que traz a concepção de ter poder sobre si e sobre as situações de sua vida recebe um maior significado a partir da ascensão da luta feminista, influenciando livros, filmes e outras produções a abordarem a temática. Uma destas produções é a obra “A Fórceps”, da jornalista Vivian Reis, publicado pela Editora Diário Oficial do Estado de Sergipe (Edise), que será lançada no dia 30 de maio, às 17h, no Museu da Gente Sergipana Gov. Marcelo Déda, em Aracaju.
A narrativa ficcional conta a história de Janete representando milhões de mulheres que vivem no país que possui a quinta maior taxa de feminicídio do mundo, segundo o Mapa da Violência 2015: Homicídio de Mulheres no Brasil, da Organização das Nações Unidas (ONU). Com viés feminista, onde uma mulher assume o protagonismo da obra, “A Fórceps” nos leva a refletir acerca do contexto social em que tantas “Janetes” vivenciaram ou ainda vivenciam no país.
Desenvolvimento da obra
A violência doméstica no Brasil infelizmente ainda é algo recorrente. Alguns destes casos chegam a estampar as páginas de jornal diariamente, outros permanecem sem conhecimento, já que as vítimas não se sentem seguras nem amparadas pela Lei Maria da Penha, e assim, acabam não denunciando o seu agressor. Outro fator agravante é o julgamento da sociedade machista em que estamos inseridos, que as culpabiliza pela violência sofrida, deixando-as acuadas diante à situação.
“A Fórceps” é a síntese disto tudo. Algumas destas histórias já foram descritas pela própria Vivian Reis, enquanto exercia seu papel de comunicadora em um dos jornais da capital sergipana, e foi ainda nesta época, em meados de 2008, que o livro começou a ser rascunhado.
A partir daí, surge a personagem Janete. Moldada com base nos relatos de violência física e psicológica praticadas contra estas mulheres, ela, assim como a maioria dos casos, sofreu com a violência ainda na infância, em seu âmbito familiar e precisou olhar para si mesma para que conseguisse enfrentar e superar esse trauma.
“Empoderar mais mulheres”
Aprendiz de feminista, como a própria Vivian Reis se identifica na apresentação de sua obra, a autora explica que o principal objetivo do livro é fazer com que outras mulheres se identifiquem com a personagem principal e busquem inspiração através dela.
“Toda mulher quando ler o livro vai se reconhecer em alguma característica de Janete. É nesse processo de identificação que você encontra força, que resgata o seu ‘eu’ feminino, e a partir deste exemplo de superação da personagem, acredito que muitas mulheres podem ser beneficiadas, e o objetivo é esse, empoderar mais mulheres”, afirma.
Para o presidente da Empresa de Serviços Gráficos de Sergipe (Segrase), Ricardo Roriz, “o livro traz uma discussão extremamente pertinente para a nossa sociedade, nos proporcionando uma reflexão acerca da luta pela igualdade de direitos entre os gêneros”.
Com maestria, o jornalista Amaral Cavalcante, responsável por prefaciar a obra, destaca o trabalho de Vivian, que segundo ele, “coloca o dedo inquiridor na ferida que sempre acometeu o corpo e a alma das mulheres violentadas”. Amaral ainda complementa reforçando que “Janete é uma mulher sofrida como tantas outras que ganha vida neste livro franco e comprometido, escrito com a mais corajosa sinceridade por outra mulher”, acredita.
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por Cândida Oliveira, da Assessoria de Comunicação