Onze pessoas presas, além de vários cartões magnéticos clonados e equipamentos utilizados para a prática dos crimes apreendidos, a exemplo de Chupa Cabras. Esse é o resultado final da Operação “Cariri” deflagrada pela Polícia Civil na última terça-feira, 16, visando desarticular uma organização criminosa especializada em crimes contra o patrimônio, mediante fraude contra clientes de instituições financeiras não apenas em Sergipe, como em outros estados. As investigações foram realizadas pelo Complexo de Operações Policiais Especiais (Cope), em parceria com a Divisão de Inteligência (Dipol).
Em Sergipe, a organização é responsável por diversas atuações contra correntistas e instituições financeiras. Entre os golpes, destacam-se dois promovidos em julho e setembro de 2016, que resultaram em um prejuízo aproximado de R$ 1 milhão.
Segundo a delegada Mayra Moinhos, as investigações se iniciaram há oito meses, após a constatação do segundo golpe praticado pelos criminosos contra uma instituição financeira. “No levantamento inicial, verificamos que a organização esteve pelo menos quatro vezes em Sergipe, atuando de forma a causar grandes prejuízos, e outras vezes com atuações menores, fazendo centenas de vítimas no Estado. Iniciamos a coleta de imagens registradas pelas câmeras de terminais de autoatendimento e de instituições financeiras para tentar chegar à identificação dos criminosos. A partir da identidade visual das pessoas e da prisão em flagrante de dois indivíduos acusados de pertencerem à organização criminosa, no momento em que eles tentavam retirar um equipamento de Chupa Cabra numa rede de supermercados no bairro Jardins, conseguimos chegar à identificação de outros integrantes da organização, alavancando a investigação”, explicou.
A delegada geral de polícia Civil, katarina Feitoza, destacou o trabalho de integração da polícia dos outros estados e o apoio dado durante a operação, ” para que essa operação tivesse esse resultado brilhante, a integração das polícias interestaduais teve primordial importância no resultado final com criminosos presos e a desarticulação da associação’.
Logística da organização criminosa
De acordo com a delegada, no decorrer das investigações, percebeu-se que o grupo era extremamente organizado, com pessoas com funções bem definidas, e que os crimes eram cometidos por etapas, com uma logística concentrada no estado do Ceará, local onde os criminosos residiam. Lá, os equipamentos eram adquiridos e posteriomente feito o planejamento das cidades onde aconteceriam os ataques. “Os criminosos adquiriam os equipamentos e em seguida iam até os estados onde aplicariam os golpes, instalavam os dispostivos, captavam os dados de forma clandestina, e depois voltavam ao Ceará, onde eram fabricados os cartões clonados. Emposse desses cartões, eles voltavam aos estados onde foram captados os dados de forma clandestina e efetuavam o saque ou transferência de contas, como também eram feitas transações fraudulentas por telefone. Vale frisar que a operação foi intitulada “Cariri”, pois grande parte dos criminosos identificados inicialmente eram de uma região do Ceará conhecida como Cariri”, salientou Mayra Moinhos.
Uma pessoa também foi identificada como responsável por repassar aos criminosos, informações de clientes que tiveram seus cartões clonados, para viabilizar compras pela internet, desbloqueio de cartão, alteração de limites, entre outros serviços. “Residente da cidade de São Paulo/SP, Elemaçusa Claudia de Moura Silva, mais conhecida como “Suzi”, possuía um banco de dados e realizava consultas por telefone para estelionatários de todo o Brasil, recebendo a quantia de R$ 25,00 por consulta, mediante depósito em sua conta bancária. Constatado o seu envolvimento com a organização criminosa, representamos por sua prisão, cumprida na quinta-feira, em São Paulo”, destacou a delegada do do COPE.
Golpes praticados pela organização
Dentre as fraudes aplicadas pelos criminosos, além do “chupa cabra”, que consiste na captação de dados clandestinos por meio de dispositivos instalados em cashs e a fabricação de cartões clonados a partir desses dados, eles também praticavam a pesca de envelopes em terminais de autoatendimento e a troca de cartões (utilizando um retentor de cartão ou ludibriando as vítimas).
Operação Cariri
Um total de 30 policiais civis participaram da operação. O efetivo foi composto por agentes do Cope, Dipol, Coordenadoria de Polícia Civil do Interior (COPCI) e Grupo Especial de Repressão e Buscas (GERB), além de equipes das polícias Militar e Civil dos respectivos estados.
A operação ocorreu em quatro estados. A primeira fase, deflagrada na cidade do Rio de Janeiro na terça-feira, 16, resultou na prisão de três criminosos da organização flagrados em posse de documentos falsos e diversos cartões clonados. Foram presos: Juracy Sousa Vieira, 40 anos; Antônio Eduardo Pereira Firmino, 27 anos; e Tiago Coelho Soares, 20 anos.
A segunda fase, ocorrida na quinta-feira, 18, ocorreu simultaneamente nas cidades de São Paulo/SP, Novo Oriente/CE e Fortaleza/CE, resultando na prisão de sete pessoas. São eles: Elemaçusa Claudia de Moura Silva, 46 anos; Gleidivanzo Soares Araújo, 29 anos; Manoel Alves de Oliveira, conhecido como “Nego”, 41 anos; Antônio Gleison de Paiva Rodrigues, 28 anos; Luiz José da Silva Neto, vulgo “Tafareu”, 40 anos; Sérgio Soares Sales, 26 anos; e Francisco Misael Fernandes Moura, 49 anos.
Por fim, na sexta-feira, 19, na cidade de Araripina/PE, as equipes do Cope efetuaram a prisão de Wigdarley de Sousa Ferreira, 26 anos. Todos foram autuados pelos crimes de estelionato, furto mediante fraude e organização criminosa.
Além dos presos, que agiam praticamente em todo Nordeste e em outros estados do país, foram apreendidos vários equipamentos utilizados para a prática dos crimes, cheques, cartões magnéticos clonados, além de veículos e bens que foram identificados como proveito do crime, lembrando que o objetivo da investigação também consiste no ressarcimento dos prejuízos causados.
À exceção de Elemaçusa e Antonio Gleison, todos os demais investigados possuem ao menos duas passagens criminais por fraudes idênticas. Sobre isso, a delegada Mayra Moinhos explica que “infelizmente, em regra, esse tipo de criminoso é apenas preso em flagrante, quase sempre por crime tentado. Isso, aliado às características do crime, que é cometido sem violência e apenado de forma branda, torna um incentivo para o retorno ao crime. Os criminosos confiam na liberdade já na audiência de Custódia e tem sido assim. Aqui temos o diferencial de uma investigação de 8 meses, trazendo um conteúdo probatório contundente que levará à denúncia dos investigados não apenas pelas modalidades criminosas de forma individualizada, ou seja, apenas estelionato ou furto mediante fraude, mas também por organização criminosa, delito que certamente refletirá de forma gravosa nos indiciados”.
Proxima etapa
Ainda de acordo com a delegada Mayra Moinhos, a polícia continuará as investigações no sentido de identificar possíveis outros envolvidos na organização criminosa e capturar dois investigados que restaram foragidos: “Não descartamos o envolvimento de outras pessoas, mas optamos por fazer um filtro inicial e focar nos integrantes que estiveram em Sergipe e naqueles mais ligados a eles, investigando um braço da organização, pois nesse tipo de organização, muitas células se formam, e direcionamos a investigação para aquela que atuou em Sergipe. Após a conclusão do inquérito em 10 dias, compartilharemos o conteúdo da investigação com outros estados em que sabemos que o indiciados atuaram, para que os criminosos sejam responsabilizados pelas fraudes, neles cometidas, dando continuidade ao combate a esta modalidade criminal”, conclui.
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Informações da SSP/SE