“Desconto” é o título do novo musical da premiada Companhia das Artes Tetê Nahas, grupo sediado em Sergipe, especializado em espetáculos que unem teatro, dança e música. A peça é resultado de um processo coletivo do grupo, iniciado em 2013, que buscou a criação de um espetáculo dramático, denso e que, principalmente alertasse para um problema grave presente em muitas famílias e escondido a sete chaves: a violência doméstica, incestuosa e abusiva sexualmente. A obra inspirada na obra de Nelson Rodrigues, baseada em fatos reais e uma livre adaptação de contos de Carlos Cauê. A trilha sonora original é do compositor Sena, que neste ano comemora os 30 anos de carreira. A direção geral e as coreografias são da atriz e bailarina Tetê Nahas. A obra também marca os 50 anos de vida da artista, os 45 de carreira e os 5 anos da Companhia das Artes Tetê Nahas. A peça será apresentada no Museu da Gente Sergipana, nos dias 01.02 e 03 de junho, sempre as 20h00. Os ingressos estarão disponíveis meia hora antes do espetáculo ou poderão ser adquiridos através das redes sociais da Cia das Artes Tetê Nahas. Mais informações pelos telefones (79) 99951 0215/999781876. A censura é 16 anos. O espetáculo tem apoio do Museu da Gente Sergipana e do Instituto Banese.
A montagem – O processo começou em 2013, logo após o lançamento da Companhia, em paralelo as apresentações de “ O Corcunda de Notre Dame”. Tudo foi construído coletivamente, desde o roteiro, até os figurinos, ao longo dos anos por todos os atores da companhia, se revezando em várias funções, seja de atuação ou técnica. Em alguns momentos, os atores e a diretora realizaram os confinamentos artísticos durante alguns dias “ A gente leu os textos, debateu, experimentamos, improvisamos sobre, fomos construindo passo a passo, e até hoje, estamos construindo. É uma obra que será sempre viva, mutável, mutante. Foi o nosso processo de estudos, de preparação, de busca interna que resultou nessa obra tão complexa. É uma emoção a flor da pele, uma temática muito polêmica, que traz nossas inquietações enquanto atores, enquanto indivíduos e trazer para sociedade: de que forma a gente pode contribuir? É uma provocação a cada encenação”, detalha a diretora Tetê Nahas. “ Desconto dentro da nossa discussão de nomenclatura vem de discutir, discursar, descontar, “pagar em alguém”. Nós partimos para discutir o que estava tão presente em nosso país, em nosso Estado, na casa de nosso vizinho. Vai trazer aquilo que está no nosso âmago, no nosso íntimo”, acrescentou Nahas. “ Acho que Desconto não vai dizer a sociedade apenas, ele vai provocar e calar, as pessoas vão se olhar e dizer para si mesmas: acorde”, dispara. “Para mim foi um trabalho muito especial, com muito desejo, muita emoção e muita dificuldade também, ver esse trabalho se concretizando é emocionando. A gente traz como mensagem que as histórias não precisam ser repetidas, elas podem ser reinventadas”, comentou a atriz Karine Dantas. “O processo de desconto explorou os nossos limites, nós criamos o texto, as músicas, as coreografias, foi a exploração máxima de nós enquanto artistas”, explanou Diogo Teles que acrescentou. “ Desconto é a hora da verdade, que você não deve se calar, em que você deve confrontar seus medos, suas atitudes e lidar com os sentimentos, não só com o seu, mas lidar com o outro”, diz. “ Não é de hoje que isso acontece. Quando estávamos estudando os grandes clássicos, vimos que já se tratava desses assuntos, que acontece sempre, que estão vivos, escondidos, abafados”, avalia André Aragão. “ Desconto é como se a gente abrisse a caixa de segredos, quem não tem o seu segredo? Quem não esconde algo, quando é que você não evitou revelar sua essência. Mas até que ponto você deve se omitir ou admitir e exprimir. Tenho certeza que serão grandes reflexões’. Foi justamente essa formatação de montagem e o tema que chamaram a atenção do Diretor Operacional do Museu da Gente Sergipana, Marcelo Rangel que abraçou o projeto e abriu a temporada: “ O museu, pela sua comunicação, pela sua empatia com o publico infantil investiu nesse segmento teatral. Mas quando Tetê apresentou esse projeto ousado de falar da violência, temas tão corajosos, muito pouco debatidos aqui no Estado e no Brasil. Então o Museu da Gente Sergipana apostou e acolheu, porque ousadia, criatividade e talento é o que a gente quer ver no museu e é o que o museu quer ser”, comunica.
Sena 30 anos – Por ser musical, um grande desafio foi a escolha das músicas. Tetê Nahas conhece Sena desde a época da Bandauê, em meados dos anos 80 e tem em casa o CD “ Canto dos Pássaros”. Fã do cantor, Tetê lançou ao grupo o desafio de encaixar as músicas a história escrita e deu muito certo. “ Depois da peça pronta, eu fiz uma supresa, mostrei a ele, a Jaciara(esposa) e os filhos e pedi, humildemente, a permissão para usá-las. Ele abraçou o projeto e se dispôs, de além de liberar as músicas, cantar e estar junto com a gente. Foi e está sendo muito emocionante a cada ensaio”, relembra Tetê Nahas Sena comemora neste ano, os 30 anos de carreira e a inclusão de suas músicas na trilha, segundo ele, já integram as comemorações. “Nunca pensei que minhas músicas um dia fossem fazer parte de uma peça teatral, até porque sempre fiz minhas músicas baseadas nos acontecimentos e nos fatos que marcaram a minha vida, então, para mim foi um motivo de muita alegria e surpresa, estou muito feliz, ainda mais sendo Desconto, uma peça muito atual, com esse tema tão presente que é a violência doméstica, que é tão necessário debater”. O filho de Sena, Jeová Cardoso, que também integra o elenco da peça como percussionista acredita que o público vá gostar bastante do espetáculo. “ É uma peça que fala de uma coisa que acontece mesmo no dia a dia e analisa em questão do que é a família hoje em dia”, diz. Para Vavá, como também é chamado o músico, as músicas do pais se encaixaram perfeitamente ao texto. “ Poxa, em 30 anos, nunca pensamos em ver as músicas do meu pai como parte de uma peça de teatro, foi uma excelente homenagem, eu realmente amei”, concluiu.
A COMPANHIA DAS ARTES TETÊ NAHAS – A Cia das Artes Tetê Nahas é uma companhia teatral sergipana fundada em 2002 pela atriz e bailarina Tetê Nahas, com o objetivo de unir, dança, teatro e música numa só pulsação. Mais que isso, a companhia surge com a proposta de incentivar através das obras artísticas a reflexão, educação e sátira social. O primeiro espetáculo montado foi o musical “ O Corcunda de Notre Dame” que estreou em dezembro de 2012. Em 2013, o grupo foi contemplado pelo Premio Myriam Muniz 2013, do Ministerio da Cultura e com isso, realizou em 2014, uma turnê por capitais do nordeste e sudeste do país, a exemplo de Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo. Na capital paulista, o grupo recebeu mais um prêmio, o de recorde de publico no Teatro Pablo Ollala, da prefeitura de São Paulo. Em 2015, o grupo monta o espetáculo “ Todo Dia” e “ Nonatal” e em 2016 se dedica a montagem de ‘”Desconto”, peça que marca os 50 anos de vida da atriz, 45 anos de carreira e 5 anos de Companhia.
ATRIZ E BAILARINA TETÊ NAHAS –Tetê Nahas nasceu em Aracaju, nos anos 60. Por intermédio de um vizinho e amigo, aos 5 anos, começou a fazer teatro, com pequenas participações, recebendo aulas e ensinamentos do também ator e bailarino Bosco Scaffs. A estréia foi no infantil “ As ave de Jujuba e Teteca”, apresentado em uma escola pública de Aracaju, com produção do grupo Grifacaca. Ainda adolescente, nos anos 70 e 80, participou como atriz e bailarina de todas as produções do Grupo Check UP, comandado por Bosco Scaffs. “ Inri o ato da Iluminação”, “Assinax” e “ Original até certo ponto” foram alguns dos espetáculos que participou. Paralelo ao teatro, ingressou em grupos de dança, a exemplo do Raça Real, do Balé Municipal de Dança Contemporânea e uma curta passagem pela Academia Iracema Maynard. Ainda nos anos 80, integrou o Grupo Teatral Imagem e o Grupo Asas de Teatro, sendo que no primeiro, estreou como coreógrafa e no segundo, como iluminadora. Foi nesse período que começou a carreira de cantora, com participação na Banda Zé Íedo, de músicas folclóricas, no show Pixaim e como Backing Vocal de Tonho Baixinho, Neu Fontes e outros cantores. Em 1991, prestes a completar 25 anos e já trabalhando como professora de teatro na rede municipal, Tetê recebe o convite para integrar o Grupo Teatral Imbuaça, onde participa de produções por 17 anos. Foram inúmeras experiências positivas com o grupo, como a participação como professora na Universidade de Cuba, diversos prêmios e críticas positivas, temporada em Portugal e peça com Marília Pêra. Em televisão, Tetê se destacou com sua participação na minissérie global “ Tereza Batista” de 1992 e entre 2003-2013 participou do quadro “São João da Gente” da TV Sergipe com a personagem Urânia. Desde 2008, tem se dedicado aos cursos de formação de atores e direção de espetáculos musicais. “ Os Saltimbancos”, “ O mágico de OZ”, “ A Paixão de Cristo”, “ Alerquim Servidor de Dois Amos” e outros. Em 2012 monta “ O Corcunda de Notre Dame”, na própria companhia de teatro que leva seu nome. O espetáculo marca as comemorações dos 40 anos de carreira da artista e o investimento em um novo segmento artístico: o teatro musical.
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Ascom/Museu da Gente da Sergipana