A segurança pública no campo foi debatida entre agricultores, a direção do Sistema FAESE/SENAR Sergipe e a cúpula da Segurança Pública de Sergipe – secretário Mendonça Prado, o delegado geral da Polícia Civil, Everton Santos e o tenente-coronel e comandante do Policiamento do Interior, Eliziel Rodrigues. O encontro aconteceu na noite de terça-feira, no auditório do Sistema, que fica localizado no Parque João Cleophas, em Aracaju (SE).
O presidente do Sistema, Ivan Sobral iniciou sua fala ressaltando o grande número de ocorrências às fazendas, que vem acontecendo em várias regiões sergipanas. “Os empresários rurais estão reféns desta situação. São pessoas que hoje não podem criar rotinas, passaram a ter caminhos alternativos para chegar ou sair de suas propriedades, não podem dormir nas propriedades e, sob hipótese alguma podem andar com recursos financeiros”, citou.
Ele lembrou ainda que em Sergipe o Agronegócio compreende 100 mil estabelecimentos, empregando 261 mil pessoas, gerando uma riqueza da ordem de R$ 1,6 bilhão em Valor Bruto de Produção, que é a soma de toda a riqueza colhida, sem levar em consideração o valor da transformação na agroindústria. “Somos o segundo maior produtor de milho e o quinto maior produtor de leite da região Nordeste. Todos estes números garantem a fatia de 6,5% do PIB Estadual”, informou Ivan Sobral. “Não dá para admitir uma patrulha para defender a fauna e flora e, uma classe que representa 6,5% do PIB não tenha uma proteção específica. Quando referimo-nos a população rural não estamos falando das novelas brasileiras que tratam a vida no campo como uma aposentadoria merecida para os que trabalharam a vida toda na cidade. Não falamos de chácaras de final de semana, de sítios para lazer e férias. Falamos de produtores rurais que alavancam a economia sergipana”.
Durante a audiência, o presidente do Sistema FAESE/SENAR Sergipe sugeriu a cúpula da Secretaria de Segurança Pública que fosse estudado a possibilidade da criação de uma Patrulha Rural, que já existe em Goiás com sucesso. “A polícia tem um grupamento para o patrulhamento rural comunitário. Os policiais saem pelo dia visitando todas as propriedades, conhecendo as peculiaridades da região e os seus proprietários. Isso cria um clima de confiança na sociedade e afugenta os elementos de caráter duvidoso”, destacou Ivan Sobral.
O secretário da Segurança Pública, Mendonça Prado disse que a reunião foi extremamente positiva, porque os produtores rurais são fundamentais para a economia. “Eles passaram informação que são importantes para o aperfeiçoamento do sistema de Segurança Pública, que tem peculiaridades distintas nas diversas regiões e ao ouvi-los temos ideias e sugestões para melhorar as ações da nossa polícia”. A respeito das investigações o secretário disse que há várias em curso e existem casos elucidados que muitas vezes estão relacionados a diversas ocorrências, quadrilhas que roubam, que furtam diversas fazendas e produtores rurais. “É preciso que haja sintonia para que essas informações sejam repassadas, é isso que nós queremos estabelecer no contato permanente com os produtores rurais”, disse Mendonça Prado.
Sobre a criação de uma patrulha rural, ele explicou que no caso da região do semiárido existe o Pelotão Especial de Policiamento em Área de Caatinga (PEPAC), porém o efetivo precisa ser ampliado. Nos municípios das outras regiões sergipanas tem o Grupo de Ações Táticas do interior (Gati), que com a conclusão dos cursos dos novos policiais terá aumento de efetivo. O Grupo Especial Tático de Motos (Getam) será interiorizado. “Temos polícia no modelo apropriado para nosso estado, mas é bom ouvir e dialogar”, concluiu Mendonça Prado.
Conheça a pauta de reivindicações que foi entregue ao secretário:
1) Aumento do policiamento ostensivo no interior do Estado sendo, de fator primordial, na zona rural.
2) Levantamento e Georreferenciamento das Propriedades Rurais – Grande parte das propriedades rurais tem o acesso dificultado em função dos policiais não conhecerem as estradas, existirem pouca sinalização e não haver pontos de referência. Por estes motivos, durante ou depois de uma ocorrência em determinada propriedade rural o acesso dos policiais torna-se comprometido.
3) Convênio com a Vigilância Sanitária – A Agência de Vigilância Sanitária é a responsável pela inspeção dos produtos de origem animal e vegetal. Todos os animais abatidos e que são encaminhados para a comercialização nas feiras livres tem de cumprir o regulamento previsto na legislação e ser encaminhado para os abatedouros, matadouros ou frigoríficos. Toda a sociedade é sabedora que os animais furtados ou roubados nas propriedades rurais são abatidos e, comercializados clandestinamente nas feiras livres.
4) Convênio com a Emdagro – O estado de Sergipe, recentemente, foi reconhecido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA como sendo um dos 16 estados livres da Peste Suína Clássica. Este reconhecimento é fruto do trabalho do Governo do Estado, através da Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe -Emdagro e de diversos produtores que fizeram o seu dever de casa e mantiveram esta enfermidade longe do nosso rebanho. Agora, numa segunda fase, vem o reconhecimento internacional, concedido pela Organização Internacional de Epizootias – OIE, na França. Uma das exigências deste órgão internacional é que os estados que são livres mantenham as divisas com vigilância para que não haja a entrada de animais e/ou qualquer derivado que seja procedente de estados que não possuam este reconhecimento.
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Da Ascom/Faese