Reformado há 8 anos, em junho de 2005, o atracadouro do Povoado Pedreiras, há 7 km da sede do município de São Cristóvão, já foi um marco do povoado e do próprio município. De orgulho da comunidade passou a motivo de revolta. Restaurado na gestão do então prefeito Zezinho da Everest, o espaço sofreu progressiva degradação.
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O pacato Povoado Pedreiras poderia ser referência para Sergipe, visto que há dezenas de anos é detentor de Uma Estação Coletora de Petróleo. A comunidade é muito pouco lembrada pelos políticos de São Cristóvão, a não ser quando tem eleições. O povoado é banhado em sua maior parte pelo Rio Vaza-Barris e por um dos seus principais afluentes, o Rio Paramopama, de onde boa parte dos habitantes tira seu sustento.
A localidade é habitada, em sua grande maioria, por pescadores que exercem essa atividade tanto para o sustento da própria família como para comercialização. O atracadouro e o posto de saúde da comunidade revelam o descaso e a falta de compromisso da atual administração. A última reforma do atracadouro aconteceu há quase uma década, em 2005.
Arrecadação
A pouco mais de 500 metros do atracadouro está a Estação Coletora da Petrobrás, IP-02 (campo Petrolífero de Ilha Pequena). A reportagem do SE Notícias apurou, junto a um consultor técnico que presta serviços a Agência Nacional de Petróleo (ANP), que as atividades de extração executadas pela Petrobrás no Povoado Pedreiras rende mensalmente R$ 97.932,14 (noventa e sete mil novecentos e trinta e dois reais e quatorze centavos), totalizando uma arrecadação de R$ 1.086.105,87 (um milhão oitenta e seis mil cento e cinco reais e oitenta e sete centavos), nos primeiros 10 meses do corrente ano de royalties ao município de São Cristóvão.
Ilha Grande
O atracadouro do Povoado Pedreiras é o único acesso por barco via Rio Paramopama, usado pelos pescadores do Povoado Ilha Grande que vivem da pesca fluvial e da venda de mangas. A Ilha Grande, que tem uma população de 120 moradores, todos dependentes da pesca e da produção artesanal, é formada por 35 pequenas casas, uma escola e uma igreja.
Apesar das constantes reclamações, até agora nenhuma ação do poder público municipal foi tomada para melhorar as condições de uso do atracadouro.
Campo abandonado
A péssima estrutura do campo de Futebol está deixando os desportistas insatisfeitos. Não bastasse a grama muito alto que acumula dentro das quatro linhas, a única tela de proteção está totalmente destruída.
Revolta
A marisqueira Maria de Lourdes, moradora do Povoado Ilha Grande, relata as dificuldades para atravessar o rio por causa das péssimas condições do atracadouro.
“As dificuldades aqui pra gente atravessar o rio são enormes, pois tudo depende da maré, se tiver alta é fácil, mas se tiver baixa é muito ruim a gente ter acesso ao atracadouro, que está totalmente abandonado. Além disso, o posto de saúde não funciona, pois faltam remédio e profissionais de saúde para atender a comunidade. E mais: nós sofremos bastante com a estrada ruim e abandonada. São 7 quilômetros de muita poeira, no caso quando faz sol, ou lama, quando chove. Estamos entregues a sorte, e essa prefeita não faz nada pela comunidade. Espero que ela não venha pra cá nas eleições querer vender ilusão”, desabafa a moradora.
Prefeitura
Procurado pela reportagem do SE Notícias, o secretário municipal de Serviços Urbanos da Prefeitura de São Cristóvão, José Airton Santos, confirmou que não há nenhuma obra prevista para o posto de saúde, o catamarã e o campo de futebol, mas assumiu o compromisso de visitar a comunidade na próxima semana, a fim de ouvir os moradores e adotar as medidas de urgência.
Royalties
Os royalties de petróleo são os valores em dinheiro pagos pelas empresas produtoras aos governos para ter direito à exploração. O Estado recebe esses recursos, em seus três níveis, sendo que são repassados aos estados e municípios de acordo com os critérios definidos em legislação específica.
Os recursos são recebidos como forma de compensações financeiras, semelhantes às que são pagas ao proprietário de uma marca registrada ou dos direitos de exploração comercial, cobrada pelo proprietário de patente de produto, processo de produção e marca.