Um massacre nos primeiros minutos de um lado, uma reação expressiva de outro e uma vitória histórica para o Atlético-PR. Na noite desta quinta-feira, o Furacão soube sair do sufoco, colocar o Flamengo na roda, virar para 4 a 2 e, pela primeira vez na história, derrotar o Rubro-Negro carioca dentro do Maracanã. O resultado quebrou uma sequência de três jogos em jejum dos paranaenses, que seguem firmes no G-4, com 38 pontos, só atrás do Grêmio no número de vitórias (11 contra 10). Já o Fla, diante de um público de 16.014 pagantes (20.899 presentes), perdeu pela primeira vez no estádio desde a reabertura pós-reforma para a Copa do Mundo e das Confederações e também ficou sem técnico. Mano Menezes pediu demissão ainda no vestiário após a derrota. Os cariocas seguem com 26 pontos e ameaçados pelo rebaixamento, só dois pontos à frente do primeiro time dentro do Z-4. A renda da partida foi de R$ 675.745,00.
O Furacão soube se recuperar de um início de jogo muito complicado, quando levou dois gols rapidamente e poderia ter sido goleado. Se reorganizou, e comandado pela dupla Everton e Marcelo, diminuiu a desvantagem ainda na etapa inicial, virando com autoridade depois do intervalo.
– Nós começamos muito mal, né? Esse não é o começo que o Atlético está tendo ao longo do campeonato, e no segundo tempo foi o Atlético que todos conhecem. Está de parabéns, foi um grande jogo, uma grande virada, agora é pensar na Ponte Preta no domingo para buscar essa afirmação no G-4 – disse o atacante Roger, autor de um gol.
O que começou como a melhor atuação do Flamengo sob o comando de Mano Menezes terminou de forma trágica para a equipe. Torcida foi da festa à irritação em dois tempos distintos, com críticas aos jogadores e gritos de “time sem vergonha”. A derrota, a primeira do Rubro-Negro no novo Maracanã, também vira a primeira de um carioca contra um adversário de outro estado no estádio.
– São coisas do futebol, acho que fizemos um bom primeiro tempo, mesmo tomando o 2 a 1. E no segundo tempo a gente não soube marcar o time deles. É levantar a cabeça, mas fica a lição: não basta jogar bem 20 minutos, tem que ser os 90. Não pode vacilar em casa, a gente estava invicto. Domingo tem mais e a gente precisa vencer – lamentou o volante Elias.
Na próxima rodada, as duas equipes enfrentam os dois últimos colocados do Brasileirão. O Flamengo visita o lanterna Náutico no domingo, às 16h (de Brasília), na Arena Pernambuco. No mesmo dia, só que às 18h30m, o Atlético-PR recebe a Ponte Preta, em penúltimo, no Durival de Britto.
Fla faz dois, mas perde caminhão de gols e é punido pela bola
Meio primeiro tempo foi mais do que suficiente para o Flamengo mostrar sua força no Maracanã. Em 18 minutos, o time pressionou o Atlético-PR e fez de tudo um pouco. Com um minuto, Hernane abriu o placar após cruzamento de João Paulo e assistência de Rafinha. Aos oito, Paulinho puxou o contra-ataque que Luiz Antonio finalizou com uma bomba de perna esquerda, que sequer é a boa, para fazer 2 a 0. E não parou por aí. Pouco depois, o Brocador perdeu duas ótimas chances na cara do gol: tentou de letra na primeira, e driblar o goleiro na segunda. Cáceres também chegou perto ao cabecear no travessão, Luiz Antonio e Rafinha apareceram em chutes à queima-roupa, até Luiz Alberto quase marcou contra. Não fosse por Weverton… O Furacão estava sem ar.
Mas apesar de toda a pressão, o terceiro gol não saiu. E a situação mudou. Na roda, o Rubro-Negro paranaense achou o caminho para se reencontrar no jogo com a posse de bola, chegando a ter 63% de domínio. Com Éderson, artilheiro do Brasileirão, sumido, coube ao rápido Marcelo responder na mesma moeda que o mandante. Caindo pelos dois lados do campo, ele conseguiu explorar as costas de Luiz Antonio, passar por Wallace e cruzar na medida para o estreante Fran Mérida completar de carrinho para o gol de Paulo Victor, aos 19 minutos. O Fla sentiu o golpe, diminuiu o ímpeto, seguiu levando mais perigo, mas viu que seu adversário já não estava mais desnorteado.
Furacão reage e coloca o Fla na roda
Além da provável bronca no intervalo, Vagner Mancini voltou com mudança e o time para frente no segundo tempo: tirou o volante Bruno Silva e promoveu Dellatorre. Outrora titular, o atacante entrou bem e voltou a se credenciar a uma vaga cativa na equipe. Em oito minutos em campo, ele recebeu ótimo passe de Everton, ficou livre na falha de posicionamento de Luiz Antonio e bateu na saída de Paulo Victor. Tudo igual num jogo que parecia perdido para os paranaenes na etapa inicial e que ganhou novos contornos. Os cariocas sentiram de novo o golpe. O Atlético-PR não chegou a devolver o rolo compressor do Fla no primeiro tempo, mas passou de pressionado a sufocador.
Em grande atuação, Everton quase virou num chute de longe que desviou no meio do caminho e encobriu Paulo Victor, mas caiu por cima do gol. O goleiro também salvou duas cabeçadas à queima-roupa, uma já em cima da linha. Desta vez, era o Fla que estava perdido em campo, e as substituições de Mano Menezes não surtiram efeito. Nixon no lugar de Rafinha e Marcelo Moreno no de Hernane nada fizeram. Adryan, que entrou na vaga de um sempre vaiado Carlos Eduardo, até fez algo, mas que prejudicou o time. Ele errou um passe na saída de bola e deu o contra-ataque através do qual Marcelo virou o jogo, aos 32. No Furacão, a troca de Éderson por Roger funcionou, e o atacante, que deu o passe para Marcelo na virada, fez o quarto e último gol, após escanteio. A festa dos flamenguistas no início se trasformou em revolta e críticas ao apito final.