Policiais do Departamento de Defraudações e Combate à Pirataria (DDCP) da Polícia Civil desarticularam um esquema criminoso de estelionatários que agia em Sergipe. A quadrilha aplicou golpes em dezenas de empresas e pessoas físicas da capital e do interior do Estado. Segundo a delegada Carina Rezende, a investigação para prender os acusados iniciou na 2ª Delegacia Metropolitana a partir do registro de um boletim de ocorrência feito por uma proprietária de imóvel informando que havia sido vítima de falsidade ideológica praticado uma de suas inquilinas.
A vítima estava se referindo a Silvia Irani Santos Bezerra, que utilizou o nome dela para fazer cartões de crédito e financiar uma série de bens e serviços. Os policiais da 2ª DM fizeram várias diligências e descobriram que a dona do imóvel havia sido vítima de uma grande quadrilha e decidiram remeter o caso para o DDCP. “Logo no início da investigação, confirmamos que a quadrilha não se restringia ao crime registrado na 2ª DM, eles também falsificavam carteiras de identidade do Instituto de Identificação de Sergipe e utilizavam esses documentos para fazer comprovantes de residência e de renda com clara intenção de abrir contas bancárias, fazer cartões de crédito e contratar financiamentos de produtos e serviços no comércio sergipano”, destacou Carina Rezende.
Com a identificação dos autores, a delegada solicitou um mandado de busca e apreensão e um mandado de prisão. Os mandados foram cumpridos nesta quarta-feira, 1º, no bairro 13 de Julho, em Aracaju. Na residência e no carro da Silvia Irani Santos Bezerra, considerada líder do bando, foi encontrado dezenas de documentos. Ela acabou não sendo presa porque a Justiça concedeu o direito dela prestar esclarecimentos em liberdade. No entanto, o comparsa dela, André Luiz de Santana Leite, foi detido. A polícia busca agora o uruguaio Ramirez Ismael da Rosa Cicerale, que tem envolvimento com o esquema. De acordo com a delegada Carina, a quadrilha era tão bem articulada que sua equipe teve que elaborar um organograma para identificar a atuação de cada membro, bem como identificar quais as empresas e pessoas que foram vítimas dos integrantes do bando.
“Descobrimos que um deles era responsável por falsificar carteiras de identidade, outros por adulterar comprovantes de residência e declaração de Imposto de Renda e outros por conseguir dados de pessoas idôneas para utilizar o nome delas nos golpes”, pontuou Rezende. De posse de toda documentação, os estelionatários provocaram prejuízo financeiro e moral a pessoas físicas e empresas do Estado. Carina explica, ainda, que ainda não é possível saber o tamanho do prejuízo causado, mas pela quantidade de documentos, talões de cheque e cartões de crédito apreendidos com Silva a estimativa seja bem superior a R$ 150 mil. “Eles financiavam carros, motos, locavam imóveis em bairros de classe média alta, solicitavam serviços de TV por assinatura, serviços de telefonia celular e internet de operadoras nacionais. As contas eram enviadas para os endereços fornecidos pelos estelionatários, mas como se tratava de um golpe as faturas nunca eram pagas”, disse.
No tocante à falsificação de documentos, os policiais descobriram que a foto de uma mesma mulher aparece em três carteiras de identidade, porém com nomes diferentes. A delegada acredita que os estelionatários conseguiram documentos de pessoas reais, logo faziam duas vítimas: a pessoa que teve utilizado indevidamente e a empresa que concedia o crédito ao falsificador. A Polícia descobriu que André Luiz Santana utilizou até os documentos de uma pessoa que morreu em 2009 para fazer vários empréstimos consignados. Com ele, a polícia apreendeu canhotos de um talão de cheque do Banco do Brasil totalmente utilizados no comércio.
Orientação
A delegada explica que dezenas de pessoas estão com o nome sujo nas instituições de proteção ao crédito e não sabem. “Tão logo as vítimas tomem conhecimento que seus nomes estejam negativados elas devem registrar um boletim de ocorrência e comparecer a estas empresas para informar que foram vítimas de um golpe. “Assim que concluirmos o inquérito vamos comunicar oficialmente as empresas que estas pessoas foram vítimas de uma quadrilha e que seus nomes foram utilizados indevidamente”, finalicou Carina.
SSP/SE