Em clima de Copa do Mundo, a 28ª Parada do Orgulho LGBT+ de SP começou com seu tradicional clima de festa, mas com uma novidade: a luta para ressignificar as cores da bandeira brasileira. O público, atento ao pedido da organização do evento, vestiu as cores do Brasil na Avenida Paulista, em São Paulo, neste domingo (2) ensolarado após uma semana de baixas temperaturas.
O plano era, de fato, trazer um novo significado para a peça, que costumava ser usada por manifestantes e apoiadores do ex-presidente do país, Jair Bolsonaro. Esse movimento foi replicado não apenas para quem estava no meio da pipoca, mas por quem subiu nos trios do evento. A iniciativa surgiu após o show da Madonna no Rio de Janeiro no mês passado. Na ocasião, a cantora se apresentou vestindo uma camiseta verde e amarela ao lado de Pabllo Vittar.
Está não foi a primeira tentativa de reconquista deste símbolo nacional. Porém, dada a grande adesão do público, pode-se dizer que é o início de uma resignificação da vestimenta.
Patriotismo
Pabllo Vittar, uma das atrações mais aguardadas da Parada, escolheu uma camiseta verde e amarela, com a bandeira estampada de um lado e seu nome no outro. Em seu discurso, uma fala de empoderamento para a comunidade: “A gente precisa estar aqui no nosso país, trazer nossa luz, nossa voz. É importante falar, a gente não pode ter medo”.
Para quem estava no meio do povo, o desejo era, de fato, trazer um novo significado para a amarelinha. “O intuito deste ano é trazer de volta as cores do Brasil para o povo. Ela não é só de uma parte do país, da parte homofóbica, transfóbica, que julga, que deprime. Estamos trazendo as cores de volta para a gente, com a diversidade que ela tem”, disse Luís Eduardo, 31 anos. Ele mora em Marília, interior de São Paulo, e estava acompanhado dos amigos.
No meio do público, famílias LGBTQIA+ também se uniram à festa. Priscilla Toscano levou Caetano, seu filho de um ano e dez meses, para a festa. “Estou aqui com o pai dele. E nós somos uma família LGBT. (…) Eu acho que (a Parada) é um movimento muito bonito, que só podia mesmo partir da comunidade LGBTQIA+”.
O casal Gustavo Catunda e Robert Rosselló estiveram na Parada com Marc e Maya, de dois anos. Os bebês foram os primeiros filhos de casal homoafetivo a serem gerados com material genético das duas famílias no Brasil. “Pra gente é muito especial mostrar pros nossos filhos a diversidade do mundo, mostrar amor e, principalmente, mostrar que nossa família existe, que é uma família homoafetiva, dois pais, duas crianças, é possível e que aqui só existe amor”, pontuou Gustavo.
Uma celebração política
Com o tema “Basta de negligência e retrocesso no Legislativo: vote consciente por direito da população LGBT”, a organização da Parada do Orgulho LGBT+ buscou conscientizar a comunidade sobre a responsabilidade que o Congresso Nacional tem de promover e resquadar os direitos dessa população. “Já foi o tempo em que as pessoas não podiam ser quem elas eram, em que a intolerância silenciava a diversidade”, disse o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) que é pré-candidato à Prefeitura de São Paulo.
Além dele, a deputada Érika Hilton também esteve presente. Ela afirmou que sem os direitos da comunidade LGBT+, a democracia brasileira está incompleta. “Não somos cidadãos de segunda categoria, queremos dignidade e respeito. Sem isso, a democracia está incompleta”, informou.
Também discursaram no início da manifestação, a deputada federal Sâmia Bonfim (PSOL-SP); deputado estadual Eduardo Suplicy (PT-SP); o deputado estadual Guilherme Cortez (Psol-SP) e a vereadora de Niterói Benny Priolli (PSOL).
A ausência do atual prefeito da capital paulistana, Ricardo Nunes (MDB) foi criticada pelos demais políticos presentes. Ele esteve na Marcha Para Jesus na última quinta-feira, 30.
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Fonte: Portal Terra