Marina Fontenele, do G1 SE
Para quem trabalha com carteira assinada, o fim de ano tem um motivo a mais para ser comemorado. O 13º salário é uma verdadeira ajuda para colocar as contas em ordem, fazer investimentos, viagens, reformas em casa ou guardar para um ‘pé-de-meia’. Mas a tão sonhada economia no fim de ano ainda está distante da realidade de boa parte dos trabalhadores de Aracaju, em Sergipe. Para muitos, o destino do dinheiro já é certo: a quitação de dívidas.
A operadora de caixa, Maria Givaneide dos Santos Albuquerque, acumulou contas ao longo do ano e, para fugir dessa ‘bola de neve’ já gastou a primeira parcela do benefício na quitação de parte delas. “Já fiz as dívidas pensando em pagar com o 13º salário”, revela.
Segundo o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), mais de 703 mil sergipanos vão receber o 13º salário neste ano, o que representa a soma de R$ 1,08 bilhões injetados a mais na economia local até o dia 20 de dezembro, prazo final para o pagamento da segunda parcela do benefício. Esse montante representa cerca de 0,8% do total do Brasil e 4,9% da região Nordeste e equivale a 3,6% do Produto Interno Bruto (PIB) do estado.
Gilvanice dos Santos é pensionista e também já recebeu parte do benefício. “Paguei as dívidas e não sobrou nada para guardar. É assim todos os anos, tento guardar um pouco de dinheiro, mas sempre gasto tudo”, afirma.
O economista do Dieese, Luís Moura, ensina que o ideal é guardar pelo menos uma parte do dinheiro para as despesas do primeiro semestre do ano seguinte como o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), o Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU) e compra de material escolar.
“Se o cidadão estiver endividado deve utilizar o dinheiro para quitar esse débito por causa dos juros que são muito altos, principalmente os dos cartões de crédito. Estudos confirmam que a maioria vai fazer isso, mas o ideal é manter as contas em ordem ao longo do ano e se programar para guardar parte do 13º salário para as novas despesas. Também é importante investir nas compras de Natal porque uma das funções do benefício é justamente movimentar o comércio local no fim de ano”, explica Luís Moura.
O auxiliar de munck, Adilson dos Santos da Fonseca, bem que tentou se programar para guardar o benefício, mas vai pagar a pensão dos dois filhos e comprar roupas. “Se até dezembro não aparecer nenhuma despesa extra eu vou guardar a segunda parcela”, planeja.
Preocupado com o futuro, o agente de segurança Joselito Oliveira dos Santos já antecipou o pagamento da matrícula e das duas primeiras mensalidades da escola da filha. “Com o restante comprei calçados e roupas para o fim de ano. Na segunda parcela eu vou comprar as coisas para a ceia do Natal”, planeja. Já a funcionária pública, Maria Lilian de Freitas Lima, preferiu investir no sonho da casa própria e destinou toda a renda extra para uma construtora.
“Espero depositar 80% do benefício porque venho me planejando para não somar dívidas ao longo do ano. Quero começar o ano novo com o pé direito e um pouco de reserva para no futuro poder adquirir um bem material ou fazer uma viagem em família”, revela o auxiliar de eventos Alexandre Soares Alves.
Texto e foto de Marina Fontenele, do G1 SE